O que realmente mudou na norma de projeto e execução de fundações — e como isso impacta o traço de concreto, o custo e o controle tecnológico nas obras.


1. Contexto normativo e importância da atualização

A ABNT NBR 6122:2019 consolidou as diretrizes modernas para projeto e execução de fundações, substituindo versões anteriores e integrando conceitos de normas correlatas (como a NBR 6118, NBR 7212 e NBR 12655).

Em 2022, foi publicada a Emenda 1/2022, uma atualização pontual que ajusta parâmetros de dosagem do concreto para fundações moldadas in loco, especialmente estacas hélice contínua monitorada, estacas escavadas com fluido estabilizante, estacas de deslocamento e trados segmentados.

Essas mudanças, embora sutis, têm impacto direto no custo, desempenho e controle executivo das obras — áreas em que a APL Engenharia atua com forte presença técnica e prática consolidada em campo.


2. O que mudou entre a versão 2019 e a Emenda 1/2022

A seguir, um comparativo direto dos principais pontos revisados pela Emenda 1/2022 em relação ao texto de 2019:

ItemNBR 6122:2019Emenda 1/2022
Consumo mínimo de cimento (C30/C40)400 kg/m³350 kg/m³
Abatimento (slump)S 220 (220–260 mm)S 220 (220–260 mm)
Fator água/cimento (C30 / C40)≤ 0,60 / ≤ 0,45Mantido
Agregado graúdo – Anexo J (hélice contínua)intervalo anterior não especificado9,5 a 25,0 mm
Agregado graúdo – Anexo N (fluido estabilizante)intervalo anterior não especificado4,75 a 12,5 mm

📎 Fonte: ABNT NBR 6122:2019 / Emenda 1:2022 (Anexos J e N).


3. Interpretação técnica das alterações

3.1 Redução do consumo mínimo de cimento

A principal mudança da Emenda 1/2022 é a redução do consumo mínimo de cimento de 400 kg/m³ para 350 kg/m³, mantendo os mesmos requisitos de resistência (fck ≥ 30 MPa ou 40 MPa) e consistência S220 (220–260 mm).

Essa atualização reconhece a evolução das centrais de concreto e do controle de qualidade, permitindo otimização de traço sem comprometer o desempenho.

Para atender à norma, devem ser observados:

  • Fator a/c ≤ 0,60 (C30) ou ≤ 0,45 (C40);
  • Controle de exsudação ≤ 4 %, conforme NBR 12655;
  • Classe de agressividade ambiental conforme Tabela 4 da NBR 6122.

Em obras com agressividade elevada (classes III e IV), recomenda-se verificar se o novo limite atende plenamente à durabilidade exigida. Quando necessário, manter o consumo anterior de 400 kg/m³ continua sendo boa prática de engenharia.


4. Impactos econômicos e operacionais

4.1 Ganho econômico direto

A redução de 50 kg/m³ pode representar até 12,5 % de economia no consumo de cimento.
Em obras com grande volume de concreto — como fundações profundas, muros de contenção ou blocos de coroamento — o impacto econômico é relevante, sem prejuízo à segurança.

4.2 Controle tecnológico mantido

Mesmo com o ajuste, a norma preserva a exigência de controle em condição A, conforme a NBR 12655, com rastreabilidade de traço, lote e curva de abatimento.
Isso garante que a redução de consumo venha acompanhada de qualidade assegurada, e não de risco técnico.


5. Implicações diretas nas obras com hélice contínua e escavadas

A Emenda 1/2022 altera principalmente os Anexos J e N, que tratam das estacas hélice contínua e escavadas com fluido estabilizante.

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Essas tecnologias, amplamente empregadas pela APL Engenharia, são diretamente beneficiadas pela atualização, que permite traços mais eficientes e com menor impacto ambiental.


6. Aplicação prática e controle na APL Engenharia

Na prática da APL Engenharia, os controles seguem parâmetros ainda mais rigorosos que o mínimo normativo:

  • Traços otimizados em laboratório, com verificação de exsudação;
  • Controle eletrônico de hélice contínua, garantindo homogeneidade e rastreabilidade por estaca;
  • Relatórios executivos de concreto, incluindo slump, temperatura e tempo de lançamento;
  • Auditorias internas de consumo e rendimento em cada obra.

Esses protocolos asseguram que a redução de cimento represente ganho de eficiência técnica e sustentabilidade, não perda de desempenho.


7. Conclusão

A Emenda 1/2022 da NBR 6122 representa um avanço importante na engenharia de fundações: mais racional, moderna e adaptada ao controle tecnológico atual.
A atualização equilibra segurança, durabilidade e sustentabilidade, abrindo espaço para soluções mais econômicas e conscientes.

A APL Engenharia, comprometida com excelência técnica e conformidade normativa, já incorpora as novas diretrizes em seus procedimentos executivos, assegurando fundações mais eficientes, seguras e economicamente viáveis.