Um solo é resultado da deposição de partículas orgânicas e minerais que foram depositadas em horizontes em decorrência do intemperismo: ação de vento, calor, chuva, frio, organismos como fungos e bactérias, que desgastaram os materiais de origem. Existe uma grande diversidade na classificação dos solos, uma vez que são diferentes tipos e cada um apresenta determinados limites e particularidades.

Essa classificação é feita tanto in loco quanto em laboratório, segundo as características químicas, físicas, minerais e morfológicas de cada solo. Conhecer esse tipo de informação é imprescindível para o sucesso e segurança de uma construção, já que a classificação dos solos objetiva estimar qual será o comportamento mais provável, possibilitando que a determinação da infraestrutura da construção seja realizada da melhor forma.

Conhecer os solos é essencial para classificá-los em estudos geotécnicos que visam à construção de barragens, cortes, aterros e infraestruturas em geral, evitando acidentes e gastos dispendiosos resultantes da escolha indevida ou de uma classificação ineficiente.

Quer entender mais sobre a classificação dos solos e sua relação com a construção civil e a engenharia? Então continue a leitura!

O que é considerado para a classificação dos solos?

Para a classificação dos diversos tipos de solo são levados em consideração tanto o aspecto visual quanto as propriedades físicas e químicas. As principais características analisadas são:

  • teor de umidade;
  • peso específico aparente;
  • peso específico e densidade dos grãos;
  • granulometria;
  • limite de plasticidade;
  • limite de liquidez;
  • limite e grau de contração;
  • compacidade;
  • índice de vazios.

Quais os tipos de solos?

Os solos são resultantes da decomposição das rochas, ocasionada pela ação do intemperismo, e sua classificação pode ser baseada tanto na origem quanto na influência da vegetação e do relevo. A divisão em classificações leva em consideração a densidade, granulometria, plasticidade e os limites de consistência.

Também deve ser considerada a área em que se encontra, analisando-se o clima, a frequência de chuva, se há presença de lençol freático, passagem de rios, época de formação, vegetação e relevo.

Quanto à origem, os solos são classificados em residuais ou sedimentares. Os residuais são os que permanecem no local em que a decomposição da rocha origem se iniciou. Somado a isso, para que sejam possíveis, a decomposição da rocha deve ser mais veloz que a velocidade de remoção do solo.

Já os solos sedimentares, também denominados de transportados, são aqueles que foram levados por algum agente de transporte: vento, água, gravidade ou geleiras, e lá foi depositado. As características de cada solo sedimentar estão de acordo com seu agente de transporte, sendo denominados solos eólicos, aluvionares, marinhos, fluviais, pluviais, graciais e coluvionares.

Além disso, existem diversos tipos de classificação dos solos, sendo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) e a classificação Highway Research Board (HRB), descrita pela norma americana AASHTO, os principais para a construção civil.

Essas classificações se baseiam prioritariamente na granulometria dos solos e nos limites de liquidez e plasticidade.

É importante ressaltar que a classificação táctil visual dos solos pode ser realizada por sondagens a percussão SPT, conforme previsto no item 6.6 da NBR 6484.

Classificação SUCS

Esse processo de classificação consiste em dividir os solos em granulação grossa ou fina. Os de granulação grossa são aqueles em que mais da metade da amostra é superior que a abertura nº 40 da peneira. Em geral, são compostos pelos pedregulhos — aqueles cuja amostra analisada apresenta mais da metade superior à malha de nº 4 da peneira — e pelas areias — quando mais da metade da amostra apresenta fração menor que a malha de nº 4.

Já a granulação fina é composta por aqueles em que mais da metade da amostra coletada é menor que a abertura nº 200 da peneira. Pode ser subdividida em siltes e argilas, com limite de liquidez inferior a 50, ou com limite de liquidez superior a 50 e em turfas — solos que podem ser identificados facilmente tanto pelo cheiro, cor, porosidade e sua textura fibrosa, uma vez que apresentam alto teor de matéria orgânica. A tabela abaixo exemplifica essa classificação:

Critérios para determinação de grupos Classificação dos solos
Solos grossos Pedregulho – mais de 50% da fração grossa retida na peneira 4,8 mm (# 4) Pedregulho bem graduado, pedregulho mal graduado, pedregulho siltoso
Areias – mais de 50% da fração grossa passa na peneira 4,8mm (# 4) Areia bem graduada, areia mal graduada, areia siltosa, areia argilosa
Solos finos Siltes e argilas LL < 50% – inorgânicos e orgânicos Argila pouco plástica, silte, argila orgânica, silte orgânico
Siltes e argilas LL ≥ 50% – inorgânicos e orgânicos Argila muito plástica, silte elástico, argila orgânica, silte orgânico
Solos altamente orgânicos Matéria orgânica Turfa

Resumindo, a classificação SUCS separou os solos em grupos que receberam nomes, símbolos e letras normalizados, as argilas e siltes orgânicos foram redefinidos e foi estabelecida uma classificação mais precisa que se baseia em solos grossos, finos e turfas. Veja:

Solos grossos

  • pedregulhos — G;
  • areias — S;
  • podem ser bem — W — ou mal graduados — P;
  • podem apresentar argilas — C;
  • podem conter finos — F.

Solos finos

  • siltes inorgânicos e areias finas — M;
  • siltes ou argilas orgânicos — O;
  • argilas inorgânicas — C
  • podem ser de baixa — L — ou alta compressibilidade — H.

Turfas

  • turfas são solos altamente orgânicos — Pt.

Classificação HRB

A sugestão de classificação do Highway Research Board (HRB) foi elaborada para uso de engenheiros rodoviários, a fim de classificar os subleitos das rodovias. Ela propõe que os solos sejam classificados em materiais granulares e materiais siltosos e argilosos. Os granulares são aqueles que 35% ou menos passam pela peneira de malha nº 200, enquanto os materiais siltosos e argilosos são os que mais de 35% passam pela peneira de nº 200.

Além disso, o HRB propõe a subdivisão em 7 grupos, que vão de A-1 a A-7. Os grupos A-1, A-2 e A-7 ainda apresentam outras subdivisões. Essas divisões englobam informações como:

  • porcentagem passante nas malhas nº 10, 40 e 200;
  • características da fração que passa na peneira nº 40;
  • limite de liquidez — LL (%);
  • índice de plasticidade — IP (%);
  • índice de grupo;
  • materiais predominantes — pedra britada, pedregulho, areia, areia fina, areia siltosa, areia argilosa, solo siltoso e solo argiloso;
  • comportamento geral como subleito — se é excelente a bom (grupos A-1, A-2 e A-3) ou se é fraco a pobre (grupos A-4, A-5, A-6 e A-7).

A tabela abaixo é um resumo da classificação HRB e apresenta quais são os grupos e subdivisões citados:
Solos silte – argila

Grupo Solos silte — argila
A4 A5 A6 A7
A7-5 A7-6
Classificação do
solo/predominância
Siltes Argilas Argilas

 

Grupo Solos granulares
A1 A3 A2
A1a A1b A2-4 A2-5 A2-6 A2-7
Classificação do
solo/predominância
Pedras e pedregulhos Areia
média
Areia
fina
Granulosos e
silte-argilosos

Qual a importância da classificação dos solos na construção civil?

Para que a construção seja bem-sucedida é essencial que o tipo de solo seja estudado e conhecido, determinando o tipo de fundação apropriada para a estrutura e a edificação projetada. Em alguns casos, o tipo de solo pode ser um fator facilitador ou limitador quanto ao uso do terreno.

Quando o solo não é bem trabalhado, os resultados podem ser desde fissuras, trincas e rachaduras a desníveis nas edificações e até desmoronamentos, que, inclusive, podem ser fatais. Essa relevância é facilmente explicada, uma vez que o solo é parte integrante das construções já que sustenta o peso da edificação.

Por isso, o ideal é que seja realizada a sondagem do solo antes de se fazer o projeto e iniciar a construção, a fim de determinar as características e necessidades dele, assim como qual a profundidade da camada resistente.

Existem diversos casos nacionais e internacionais de consequências severas e dispendiosas do não conhecimento do solo antes da execução de uma edificação. Os prédios tortos em Santos, no litoral paulista, que com o tempo passaram a apresentar inclinações que variavam de 50 cm a 1,80 m, são um exemplo da seriedade de desconhecer as características do solo.

A torre de Pisa, que se encontra na Itália, também é um outro exemplo. Para reparar ou reduzir os problemas, o investimento financeiro foi extremamente elevado.

A classificação dos solos pode ser feita por muitos métodos, visualmente ou em laboratório. Alguns são mais arbitrários, enquanto outros, mais detalhados e definidos, como o SUCS, que permite tanto a classificação unificada quanto a geral, a visual dos solos e a conforme a resistência à penetração — sendo, por isso, a mais utilizada.

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