O solo varia em cada região e um mesmo lote pode apresentar variações significativas. A sondagem possibilita conhecer quais são as características do solo e quais são as cargas que ele suporta a cada profundidade, possibilitando a escolha da fundação apropriada. Um dos métodos mais comuns é a sondagem a trado.

Esse tipo de sondagem pode ser realizado tanto mecanicamente quanto manualmente. A grande diferença entre esses processos é que a sondagem manual é mais simples e de baixo custo. 

Neste artigo, você vai conhecer as vantagens, como é feito o processo executivo e as limitações da sondagem a trado. Continue a leitura e esclareça suas dúvidas.

O que é sondagem a trado

A sondagem a trado é um método de investigação geológico-geotécnica que utiliza o trado para obter amostras do solo. Esse instrumento é constituído por lâminas cortantes que podem ser espiraladas (também denominadas helicoidal ou espiral) ou convexas (conhecidas como concha ou cavadeira).

Esse tipo de sondagem é uma prospecção de solo semidireta e ainda rudimentar que objetiva coletar amostras deformadas, determinar a profundidade do nível d’água e identificar os horizontes do terreno.

O trado é composto por três partes: a cruzeta, a haste e o trado propriamente dito. A cruzeta e as hastes são de ferro galvanizado e apresentam diâmetro mínimo de uma polegada (2,5 cm). As hastes devem estar retilíneas, mesmo quando acopladas por luvas, devem ser acopladas ao trado e a ponteira e as roscas precisam estar em bom estado.

Quando esse tipo de sondagem é utilizado

A sondagem a trado pode ser utilizada para pesquisar os materiais terrosos e na caracterização das fundações de barragens. No caso de fundações, geralmente essa sondagem é complementar a outros tipos de investigação mecânica já realizadas ou para aferir a geofísica.

Também é usada em amostras achatadas provenientes de pesquisas em jazidas, determinações de nível d’água, mudanças de camadas e avanço de perfuração em ensaios de penetração.

Procedimentos executivos da sondagem a trado

Após a limpeza de uma área circular de, aproximadamente, dois metros de diâmetro, tendo como centro o furo a ser executado pelo trado, deve ser realizada a abertura de um sulco ao redor para que as águas pluviais sejam desviadas.

A sondagem deve iniciar com o trado concha. A profundidade a ser alcançada por ele dependerá do terreno —, entretanto, é comum que ultrapasse os 15 primeiros metros acima do lençol freático.

Quando são encontradas concreções de seixos ou de laterita, deve-se utilizar a concha por uma ponteira de aço que poderá desagregar ou reduzir as concreções, possibilitando que a escavação continue com o trado concha. Quando são atingidos os horizontes de argila mais resistente ou abaixo do nível freático, a concha precisa ser substituída pelo trado helicoidal.

Controle de profundidade e coleta de amostras

Segundo a NBR 9603 (atualizada em 2015), a profundidade dos furos deve ser controlada por meio da diferença entre o comprimento total das hastes com o trado e a sobra das hastes em relação à boca do furo.

A cada metro perfurado devem ser coletadas amostras do solo para, posteriormente, serem dispostas em pilhas sobre uma lona, impedindo que sejam contaminadas ou modificadas ao entrarem em contato com o solo da superfície. Essas pilhas devem ser separadas sempre que houver mudança de material.

Em seguida, as amostras devem ser acondicionadas de acordo com o objetivo da coleta. No caso de ensaios geotécnicos, por exemplo, devem ser coletadas duas amostras. A primeira deverá ter 100 gramas e ser acondicionada em um frasco, parafinizado ou selado com fita colante — possibilitando a determinação da umidade natural.

Já a segunda amostra deve apresentar cerca de 14 quilos e ser armazenada em saco de lona ou plástico transparente, para a realização dos demais ensaios geotécnicos, conforme as prescrições normativas informadas na NBR 9603.

As amostras coletadas devem receber duas etiquetas: uma interna e outra externa. Ambas devem conter o nome da obra, do cliente, local, data de coleta, número do furo, intervalo de profundidade da amostra e responsável pela coleta.

Presença de nível d’água

Quando o nível freático é encontrado, ou quando há um artesiano não surgente, deve-se interromper a sondagem e anotar a profundidade. 

Passa-se então a observar se ocorrerá elevação do nível d’água no furo, por meio de leituras realizadas de cinco em cinco minutos, durante os primeiros 30 minutos. A NBR 9603 especifica que os resultados devem ser apresentados em perfis apropriados.

Encerramento da sondagem

O encerramento da sondagem ocorrerá quando a profundidade relevante ao projeto for atingida, quando ocorrer desmoronamentos sucessivos nas paredes do furo, quando o avanço da escavação for inferior a 5 cm em um tempo de perfuração contínua de dez minutos ou quando se atingir material impenetrável a perfuração. 

Caso não haja finalidade para o furo realizado, esse deverá ser preenchido com solo, deixando cravada no local uma estaca identificando-o. 

Equipamentos e ferramentas

A sondagem a trado pode ser realizada por meio do trado cavadeira ou pelo helicoidal. Ambos apresentam diâmetro mínimo de 63,5 mm e também necessitam de:

  • cruzetas;

  • luvas de aço;

  • hastes;

  • chaves de grifo;

  • medidor de nível d’água;

  • trena;

  • recipientes e etiquetas apropriados para as amostras;

  • ponteira de aço bom ponta em bisel.

Vantagens e limitações

As principais vantagens da sondagem a trado são o baixo custo e rapidez da prospecção, tornando-o vantajoso para investigações preliminares de condições geológicas superficiais. 

Entretanto, existem algumas limitações que a restringem, pois o trado não consegue atravessar camadas de pedregulhos, mesmo quando são de pequena espessura. Portanto, um matacão com diâmetro de 10 cm seria suficiente para paralisar a sondagem.

Além disso, mesmo permitindo a escavação abaixo do nível d’água, quando o material é bem consolidado, não é possível continuar a sondagem. No caso de areias inconsolidadas, mesmo quando acima do nível d’água, pode-se dificultar ou impossibilitar o avanço — principalmente quando não é possível recuperar o material escavado.

Diferentemente das sondagens SPT, esse tipo não permite a obtenção de índices de resistência do solo. Contudo, mesmo com as limitações apresentadas, o uso da sondagem a trado é intenso em pesquisas de áreas de empréstimo de solos.

Apresentação dos resultados

Os resultados das sondagens são apresentados em perfis individuais, boletins descritivos ou tabelas. Estes devem ser datados, numerados e conter a planta de localização dos pontos de sondagem, contendo o número, localização de cada um desses pontos, especificação da posição do nível d’água encontrado e a profundidade perfurada em metros. A partir disso, são gerados os relatórios de sondagem.

A sondagem a trado apresenta um processo executivo simples, ágil e interessante financeiramente — desde que o solo possibilite seu processo executivo e apresente as diferentes camadas do solo, assim como a espessura de cada uma delas e em qual profundidade o nível d’água se encontra. Entretanto, para que as informações do solo sejam fornecidas com segurança e precisão, é necessário contratar uma empresa especializada e experiente.

Se você precisa realizar sondagens precisas, confiáveis e de qualidade, entre em contato a APL Engenharia — empresa que se dedica exclusivamente a geotecnia de fundações.