Pode parecer inacreditável, mas existem grandes centros urbanos espalhados pelo mundo que estão literalmente afundando. Isso porque a escala de movimentação do solo nessas localidades está muito acima do normal e, consequentemente, várias cidades podem desaparecer em poucas décadas. 

Atualmente, os exemplos mais preocupantes e que mobilizam vários geólogos são as cidades de Jacarta, na Indonésia, e Xangai, na China. Por serem grandes polos comerciais e atraírem anualmente milhares de turistas, esse é um problema cuja solução precisa ser encontrada urgentemente pelas autoridades locais, uma vez que os reflexos negativos (tanto humano quanto econômico) podem ser imensuráveis.

Deste modo, confira neste artigo detalhadamente o que, de fato, acontece no solo dessas cidades, e entenda porque grandes áreas estão afundando diariamente. 

Os motivos das cidades estarem afundando 

Inicialmente, cabe destacar que toda grande cidade costeira tem certa vulnerabilidade a ficar mais submersa a cada ano. Porém, tanto Jacarta quanto Xangai estão ficando submersas a uma velocidade superior em relação à média mundial, pois têm outros problemas que agravam essa situação. 

São dois os motivos que atualmente acentuam o grau de afundamento dessas cidades: extração excessiva de água subterrânea e sobrecarga no solo devido a grandes construções. 

Extração de água

Existem muitas cidades que não têm bons sistemas de captação de água potável. Dessa maneira, muitas vezes a própria população fica encarregada de elaborar seus próprios meios de coleta, sejam eles adequados ou não. 

Jacarta, por exemplo, tem uma péssima rede de distribuição —, não se pode confiar na qualidade da água encanada, isso quando ela chega nas regiões mais periféricas da cidade. Diante disso, as pessoas realizam as tarefas do dia a dia a partir do bombeamento de água dos aquíferos subterrâneos. 

A questão é que essa extração de água é realizada com pouca ou nenhuma fiscalização. Ou seja, ela pode ser feita por qualquer um, desde uma pequena família para o consumo próprio até por grandes estabelecimentos para fins comerciais. Logo, é um bombeamento de água caracterizado pela larga escala e ausência de práticas técnicas.

O resultado disso tudo é que, ao bombear grandes volumes de água subterrânea, parte do solo acima tende naturalmente a ceder, já que o espaço não está mais ocupado. Como consequência, há o afundamento brusco local e movimentação gradual do solo nas regiões adjacentes.

Sobrepeso das construções 

Muitas cidades grandes são conhecidas no mundo inteiro devido aos enormes e belos edifícios, como é o caso de Xangai, uma metrópole que tem alguns dos prédios mais altos do planeta. 

Por muito tempo a China liderou o ranking dos países que mais crescem economicamente. Esse crescimento foi acompanhado também pelos centros urbanos chineses (como é o caso de Xangai), caracterizado essencialmente pelo elevado número de construções realizadas de forma simultânea e em um curto espaço de tempo. 

Deste modo, um dos efeitos dessas obras foi o afundamento do solo (acima dos níveis aceitáveis), devido à concentração de alta carga (peso de prédios, edifícios, torres de televisão, pontes etc.) em uma pequena área. Sobretudo, faltou planejamento para concluir que a relação carga/metro quadrado estava alcançando patamares além do que o solo suporta.

Jacarta 

Com uma população de cerca de 18 milhões de habitantes (incluindo toda a região metropolitana), Jacarta, a capital da Indonésia, é uma das cidades que afundam acima dos parâmetros normais. 

Localizada em uma região litorânea, com a presença de 13 rios e construída, em sua maioria, acima de um solo considerado pantanoso, Jacarta naturalmente já tem alguns fatores que a deixa vulnerável a enchentes e inundações. No entanto, no seu caso, o que acelera o seu afundamento é a extração demasiada de água subterrânea. 

Para termos uma ideia quantitativa do problema, a região norte da cidade afundou 2,5 metros em dez anos —, e ainda afunda a uma velocidade de quase 25 centímetros por ano. Uma vez que continue com essa velocidade, em 2050 aproximadamente 95% do norte de Jacarta estará debaixo d’água. 

Analisando a média da cidade inteira, Jacarta afunda de um a 15 centímetros por ano, sendo que quase a metade da capital já está atualmente abaixo do nível do mar.

Xangai 

Detentora de uma das maiores áreas metropolitanas do mundo, Xangai tem cerca de 24 milhões de habitantes e é uma das regiões mais populosas da China. A alta extração de água subterrânea ajuda no afundamento dessa cidade. Entretanto, a causa principal desse problema é o peso depositado sobre seu solo.

Tratando-se dos números, a situação da metrópole chinesa é menos preocupante que a de Jacarta, mas não deixa de despertar o alerta para a busca de soluções. Segundo levantamentos geológicos, desde 1921 Xangai afundou aproximadamente 2,6 metros — Jacarta praticamente alcançou esse número em apenas dez anos.

Atualmente, a cidade afunda a uma velocidade de sete centímetros por ano, o que ainda é muito e já carece de políticas públicas para viabilizar alternativas.

Medidas preventivas e corretivas 

É fato que qualquer metrópole que esteja fadada a ter seu território submerso em tão pouco tempo precisa urgentemente providenciar soluções para o problema. Tanto Jacarta, quanto Xangai (como é o caso também de Veneza, Roterdã e Bangoc) já adotam algumas medidas para reduzirem o nível de afundamento anual. 

As seguintes ações já estão em prática:

  • aumentar a fiscalização quanto a extração de água subterrânea, viabilizando outras alternativas de captação, como águas pluviais e dos rios;
  • investir e modernizar as redes de distribuição de água urbana, aumentando tanto o alcance quanto a qualidade das águas consumidas pela população; 
  • construir muros de contenção e ilhas artificiais, com intuito de diminuir a velocidade com que o mar inunda a cidade;
  • controlar o número de construções por metro quadrado, de forma a terem o devido planejamento geotécnico, respeitando assim a carga máxima suportada pelo solo. 

Após analisar essa situação enfrentada por essas cidades, bem como as preocupantes projeções, fica claro o destaque do tema. Neste contexto, de que cidades podem desaparecer devido a várias imprudências, percebemos o quão relevante as características do solo são para uma habitação segura. 

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